Capela de São João Batista

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A data de início da construção, 1622, coloca a Igreja de São João Batista como uma das primeiras de Belém. Foi a primeira construída no Brasil com uma nave Octogonal. Nela ficou preso o padre Vieira, em 1661, e frei Bartolomeu do Pilar foi sagrado como o primeiro bispo da cidade, em 1771. Apesar de ser uma modesta capela em taipa, até ser reconstruída de 1772 a 1777 com projeto de Antônio Landi, chegou a servir de matriz, enquanto a catedral esteve em obras. Considerada por Bazin como uma joia da arquitetura, a igreja atual tem uma fachada que segue as tendências do Barroco classicizante, remetendo à formação acadêmica de seu autor, que estudou na Academia Clementina de Bolonha.

A planta ? resolvida como dois quadrados que se sobrepõem, sendo o maior o da nave, inscrita internamente na forma de octógono irregular, e o menor o da capela-mor, ladeada por anexos ? é a mais distintiva característica desse projeto oitocentista.

A cúpula, um dos poucos exemplares na arquitetura local, segue a forma octogonal da nave e tem janelas rasgadas em quatro de seus panos. Dois altares se instalam nos panos mais largos da nave. Neles, assim como na parede de fundo do altar-mor, está a maior atração dessa pequena construção religiosa: as pinturas em trompe l'oeil ou pinturas de ilusão, feitas por Landi no século XVIII.

Dissimuladas por décadas, as pinturas foram localizadas em prospecção feita em 1987 e recuperadas em 1996, devolvendo os tons de rosa e verde que imitam as tonalidades de mármore. Nos desenhos, aparecem motivos característicos de Landi, denunciadores de sua ligação com a família Bibiena, cenógrafos reconhecidos no panorama europeu oitocentista. Guirlandas e vasos de flores, volutas invertidas se aliam a um resplendor com a simbologia do Espírito Santo, motivo encontrado em outros projetos do arquiteto. Nichos, balaustradas e janelas foram cuidadosamente compostos para acentuar a ilusão de profundidade e aberturas inexistentes.

A iluminação natural foi calculada para acentuar os efeitos cenográficos dessa pintura ilusionista.

No altar-mor e altares laterais preservaram-se duas molduras que enquadrariam pinturas em tela, ambas alusivas à vida de São João. Uma terceira tela, perdida, também seguiria a mesma temática. As pinturas foram executadas em Lisboa, em 1774, pelo pintor português Francisco de Figueiredo.

O bispo D. Frei Bartolomeu que faleceu em 9 de abril de 1733 foi enterrado nesta igreja e mais tarde, em 1774, seu corpo foi transferido para a Igreja de Santo Alexandre.